a sociedade arrastando capas de arminhos em corredores de teatros e caudas de veludo nos salões de baile.
Na ocasião do pagamento, Sara correu a mãe, que não saíra da porta. Ernestina entregou-lhe a carteira, que fosse sozinha à caixa, ela esperaria ali.
Um instante depois desciam a par a rua do Ouvidor.
Havia muita gente nas calçadas, um rumor surdo de passos e de vozes que as atordoava; tinham-se afeito ao silêncio da sua chácara. Sara entrou num armarinho, Ernestina acompanhou-a até o interior da casa, mas voltou depressa para fora com um sobressalto. Parecia-lhe ouvir a voz de Luciano. Fora erro: era um sujeito que discutia com um velhote surdo, gesticulando muito.
De pé, na soleira da porta, a viúva olhava para a multidão que passava, esperando, a todos os minutos, o Luciano... Pela lã mole do seu vestido preto roçavam as saias de seda e as saias de chita das outras mulheres que passeavam devagar ou que passavam apenas, na pressa dos que trabalham.
Na esquina, perto, estacionavam os vendedores de flores; os seus ramos de cravos e violetas embalsamavam o ar; e era um encanto ver a variedade de rosas finas, brancas, amarelas, escarlates, cor de rosa, e os raminhos de miosótis,