No dia seguinte, Sara, ao almoço, notou a falta da aliança no dedo da mãe.
- Há já muitos dias que ando sem ela, objetou Ernestina, perdi-a.
Sara mandou imediatamente a Simplícia procurar o anel. A mulata encontrava tudo, parecia ter o dom especial de adivinhar as coisas, o que fazia dizer à Benedita:
- Simplícia acha tudo que se some porque é ela mesma que esconde tudo que se pode sumir!
O anel não fora escondido por ela, entretanto achara-o rapidamente, embaixo de um dunkerque da sala. Aquilo acabou de contrariar Ernestina. Alegou que a aliança estava muito larga; o frio contraíra-lhe a carne...
Ela já não procurava lutar contra o seu amor; a resistência tinha-a martirizado inutilmente.
Passava os dias a pensar nele, nuns idílios de menina de quinze anos. Os criados já não sofriam a mesma fiscalização severa. Os armários ficavam abertos, a chave da dispensa nas mãos da Benedita, para regalo da Simplícia, que apreciava os seus copinhos de licor de cacau...
Uma noite em que a saudade e o desejo de ver Luciano apertaram, foram ao teatro.
Sara estava contentíssima, mas a mãe arrependeu-se depressa. Levavam uma peça grosseira, que a platéia aplaudia muito. Luciano não aparecia.