A Simões não tirava os olhos das portas da entrada, esperando sempre que ele viesse, atraído pelo seu amor. Sentia febre e não prestava atenção ao que se passava em cena. As gargalhadas e os aplausos atormentavam-na. À saída, quando já nada esperava, teve uma surpresa: Luciano conversava num grupo de rapazes, perto do teatro. Ele destacando-se da roda, foi cumprimentá-la.
- Vieram de carro, não? Perguntou, procurando em redor com a vista.
- Não... viemos de bonde...
- Sozinhas?! E mostrou espanto.
Ernestina ficou embaraçada.
- Que tem isso? objetou Sara, o luar está tão lindo que até convida a irmos a pé até o ascensor!
- Sim... mas não é prudente arriscarem-se duas senhoras moças a andar por estas horas na rua, sem um cavalheiro.
Luciano acompanhou-as; ia ao lado da viúva censurando-a pela mal escolha do teatro e por virem ambas tão sós. Achou-a linda nessa noite.
Ela calava-se, sem confessar que todas aquelas loucuras as fazia por ele, mesmo com prejuízo da filha! Passadas as ruas de maior movimento, ele deu-lhe o braço e curvou-se meigo para ela.
- Lembra-se de uma noite de luar como esta,