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Página:A arte culinária na Bahia - Manuel Querino.pdf/27

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Dos alimentos puramente africanos

São estes os principaes alimentos de que o africano fazia abundantemente uso, entre nós, e são, hoje em dia preparados pelos seus descendentes, com a mesma perfeição:

ACASSÁ — Deita-se o milho com água em vaso bem limpo, isento de quaesquer residuos, até que se lhe altere a consistencia. Nestas condições, rala-se na pedra,[1] passa-se numa peneira ou urupema e, ao cabo de algum tempo, a massa fina adhere ao fundo do vaso, pois, nesse processo, se faz uso de água para facilitar a operação.

Escoa-se a agua, deita-se a massa no fogo com outra agua, até cozinhar em ponto grosso.

Depois, com uma colher de madeira, com que é revolvida no fogo, retiram-se pequenas porções que são envolvidas em folhas de bananeira, depois de ligeiramente aquecidas ao fogo.



  1. A pedra de ralar, como vulgarmente lhe chamam, mede cinoenta centimetros de comprimento por vinte e três de largura tendo cerca de dez centimetros metros de altura.
    A face plana em vez de lisa, é ligeiramente picada por canteiro, de modo a tornal-a porosa ou crespa. Um rôlo de forma cylindrica, da mesma pedra de cerca de trinta centimetros de comprimento apresenta toda superficie tambem aspera.
    Esse rôlo impellido para a frente e para traz, sobre a pedra, na attitude de quem móe, tritura facilmente o milho, o feijão, o arroz, etc.
    Estes petrechos africanos são geralmente conhecidos, na Bahia, e muita gente os prefere á machinas de moer cereaes.