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A cidade e as serras

tons ricos e quentes, Jacintho ficou entre a tia Vicencia e uma das Rojões, a Luizinha, sua afilhada, que, por costume velho, quando jantava em Guiães, sempre se collocava á sombra da sua bôa madrinha. E a sôpa, que era de gallinha com macarrão, foi comida n’um tão largo e pesado silencio que eu, na ancia de o quebrar, exclamei, ao acaso, sem pensar que me achava em Guiães depois de tanto tempo e em minha própria casa:

— Deliciosa, esta sopa!

Jacintho echoou:

— Divina!!

Mas como todos os convidados certamente estranharam este meu brado, e a excessiva admiração de Jacintho, o silencio, carregado de cerimonia, mais se carregou de embaraço. Felizmente a tia Vicencia, com aquelle seu bom sorriso, observou que Jacintho parecia gostar da comida portugueza... E eu, sempre no intuito d’animar a conversa, nem deixei que o meu Principe confirmasse o seu amor da cosinha vernacula, e gritei:

— Como gostar! Mas é que delira!... Pudera! Tanto tempo em Paris, privado dos piteus lusitanos...

E como, ditosamente, me lembrára o prato de arroz doce preparado na occasião do natalicio de Jacintho, pelo cosinheiro do 202,