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Página:A cidade e as serras (1912).djvu/192

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A CIDADE E AS SERRAS

chegas? Tempo delicioso! 23° à sombra. E os ossos ?» — Veio depois a devota romaria da Senhora da Roqueirinha. Durante a Lua-nova andei num corte de mato, na minha terra das Corças. A tia Vicência vomitou, com uma indigestão de morcelas. E o silêncio do meu Príncipe era ingrato e ferrenho.

Enfim, uma tarde, voltando da Flor da Malva, de casa da minha prima Joaninha, parei em Sandofim, na venda do Manuel Rico, para beber de certo vinho branco que a minha alma conhece — e sempre pede.

Defronte, à porta do ferrador, o Severo, sobrinho do Melchior de Tormes e o mais fino alveitar da serra, picava tabaco, escarranchado num banco. Mandei encher outro quartilho: ele acariciou o pescoço da minha égua que já salvara dum esfriamento; e como eu indagasse do nosso Melchior, o Severo contou que na véspera jantara com ele em Tormes, e se abeirara também do fidalgo...

— Ora essa! Então o sr. D. Jacinto está em Tormes?

O meu espanto divertiu o Severo:

— Então v. ex.a... Pois em Tormes é que ele está, há mais de cinco semanas, sem arredar! E parece que fica para a vindima, e vai lá uma grandeza!

Santíssimo nome de Deus! Ao outro dia, domingo, depois da missa e sem me assustar com a calma que carregava, trotei alvoroçadamente para Tormes. Ao latir dos rafeiros, quando transpus o portal solarengo, a comadre do Melchior acudiu dos lados do curral, com um alguidar de

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