lavagem encostado à cintura. — Então o sr. D. Jacinto?... O sr. D. Jacinto andava lá para baixo, com o Silvério e com o Melchior, nos campos de Freixomil...
— E o Sr. Grilo, o preto?
— Há bocadinho também o enxerguei no pomar, com o francês, a apanhar limões doces...
Todas as janelas do solar rebrilhavam, com vidraças novas, bem polidas. A um canto do pátio notei baldes de cal e tigelas de tintas. Uma escada de pedreiro descansara durante o Dia Santo arrimada contra o telhado. E, rente ao muro da capela, dois gatos dormiam sobre montões de palha desempacotada de caixotes consideráveis.
— Bem — pensei eu. — Eis a Civilização!
Recolhi a égua, galguei a escada. Na varanda, sobre uma pilha de ripas, reluzia num raio de Sol uma banheira de zinco. Dentro encontrei todos os soalhos remendados, esfregados a carqueja. As paredes, muito caiadas e nuas, refrigeravam como as dum convento. Um quarto, a que me levaram três portas escancaradas com franqueza serrana, era certamente o de Jacinto: a roupa pendia de cabides de pau; o leito de ferro, com coberta de fustão, encolhia timidamente a sua rigidez virginal a um canto, entre o muro e a banquinha onde um castiçal de latão resplandecia sobre um volume do D. Quixote; no lavatório pintado de amarelo, imitando bambu, apenas cabia o jarro, a bacia, um naco gordo de sabão; e uma prateleirinha bastava ao esmerado alinho da escova, da tesoura, do pente, do espelhinho de feira, e do frasquinho de água de alfazema que eu mandara de Guiães. As três janelas, sem cortinas,