Eu rira:
— Sossegue, tia Vicência, que o trarei agora, para o dia dos meus anos, a jantar... Damos uma festa, haverá um bailarico no pátio, e vem aí toda essa senhorama dos arredores. Talvez até se arranje uma noiva para o Jacinto.
Eu, com efeito, já convidara o meu Príncipe para este «natalício». E de resto, convinha que o senhor de Tormes conhecesse todos aqueles senhores das boas casas da serra... Sobretudo, como eu lhe dizia rindo, convinha que ele conhecesse algumas mulheres, algumas daquelas fortes raparigas dos solares serranos, porque Tormes tinha uma solidão muito monástica; e o homem, sem um pouco do Eterno Feminino, facilmente se enrudece e ganha uma casca áspera como a das árvores, na solidão.
— E esta Tormes, Jacinto, esta tua reconciliação com a Natureza, e o renunciamento às mentiras da Civilização é uma linda história... Mas, caramba, faltam mulheres!
Ele concordava, rindo, languidamente estendido na cadeira de vime:
— Com efeito, há aqui falta de mulher, com M grande. Mas essas senhoras aí das casas dos arredores... Não sei, mas estou pensando que se devem parecer com legumes. Sãs, nutritivas, excelentes para a panela — mas, enfim, legumes. As mulheres que os poetas comparam às Flores são sempre as mulheres das Cortes, das Capitais, às quais, invariavelmente, desde Hesíodo e de Horácio, se rendem os poetas... E evidentemente não há perfume, nem graça, nem elegância, nem requinte, numa cenoura ou numa couve... Não