Página:A cidade e as serras (1912).djvu/251

Wikisource, a biblioteca livre
A CIDADE E AS SERRAS

devem ser interessantes as senhoras da minha serra.

— Eu te digo... A tua vizinha mais chegada, a filha do D. Teotónio, com efeito, salvo o respeito que se deve à casa ilustre dos Barbedos, é um mostrengo! A irmã dos Albergarias, da quinta da Loja, também não tentaria nem mesmo o precisado Santo Antão. Sobretudo se se despisse, porque é um espinafre infernal! Essa realmente é legume, e não dos nutritivos.

— Tu o disseste: espinafre!

— Temos também a D. Beatriz Veloso... Essa é bonita... Mas, menino, que horrivelmente bem falante! Fala como as heroínas do Camilo... Tu nunca leste o Camilo... E depois, um tom de voz que te não sei descrever, o tom com que se fala em D. Maria, em peças de sentimento. Tu também nunca viste o Teatro de D. Maria... Enfim, um horror! E perguntas pavorosas. «V. Ex.a Sr. Doutor, não se delicia com Lamartine?» Já me disse esta, a indecente!

— E tu?

— Eu! Arregalei os olhos... «Oh Lamartine!» Mas, coitada, é uma excelente rapariga! Agora, por outro lado, temos as Rojões, as filhas do João Rojão, duas flores, muito frescas, muito alegres, com um cheiro e um brilho a sadio, e muito simples... A tia Vicência morre por elas. Depois há a mulher do Dr. Alípio, que é uma beleza. Oh! uma criatura esplêndida! Mas, enfim, é a mulher do Dr. Alípio, e tu renunciaste aos deveres da Civilização... Além disso, mulher muito séria, toda absorvida nos seus dois pequenos, que parecem dois anjinhos de Murillo... E quem mais?

243