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A CIDADE E AS SERRAS

e bons, e sempre em companhia de tua tia e minha senhora, a quem peço para saudar.

Todos os copos, onde a espuma morria sobre um fundo de champanhe, se ergueram num largo rumor de amizade, e boa vizinhança. Eu acenei ao Manuel, vivamente, para encher os copos; e logo, também de pé, atirando para trás a sobrecasaca:

— Meus senhores, peço uma grande saúde para o meu velho amigo Jacinto, que pela primeira vez honra esta casa fraternal... Que digo eu? que pela primeira vez honra com a sua presença a sua querida pátria! E que por cá fique, pelas serras, muitos anos, todos bons. À tua, meu velho!

Outro rumor correu pela mesa, mas cerimonioso e sereno. A nossa oratória, positivamente, não incendiara as imaginações! A tia Vicência fez tilintar o seu copo, quase vazio, com o de Jacinto, que tocou no copo da sua vizinha, a Luisinha Rojão, toda resplandecente, e mais vermelha que uma peónia. Depois foi o encadeamento de saúdes, com os copos quase vazios, entre todos os convidados, sem esquecer o tio Adrião, e o Abade, ambos ausentes, ambos com furúnculos. E a tia Vicência espalhava aquele olhar, que prepara o erguer, o arrastar de cadeiras, — quando D. Teotónio, erguendo o seu copo de vinho do Porto, com a outra mão apoiada à mesa, meio erguido, chamou Jacinto, e numa voz respeitosa, quase cava:

— Esta é toda particular, e entre nós... Brindo o ausente!

Esvaziou o copo, como em religião, pontificando.

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