a prima Joaninha no divã, ditosa, risonha, com umas pintas na pele, e o roupão mais solto. Por todo um longo ano estava desfeita a alegre aventura. Eu andava então sofrendo de desocupação. As chuvas de Março prometiam uma farta colheita. Uma certa Ana Vaqueira, corada e bem feita, viúva, que sortia as necessidades do meu coração, partira com o irmão para o Brasil, onde ele dirigia uma venda. Desde o Inverno, sentia também no corpo como um começo de ferrugem, que o emperrava, e, certamente, algures, na minha alma, nascera uma pontinha de bolor. Depois a minha égua morreu... Parti eu para Paris.
Logo em Hendaia, apenas pisei a doce terra de França, o meu pensamento, como pombo a um velho pombal, voou ao 202, — talvez por eu ver um enorme cartaz em que uma mulher nua, com flores bacânticas nas tranças, se estorcia, segurando numa das mãos uma garrafa espumante, e brandindo na outra, para o anunciar ao Mundo, um novo modelo de saca-rolhas. E oh surpresa! eis que, logo adiante, na estação quieta e clara de Saint-Jean-de-Luz, um moço esbelto, de perfeita elegância, entra vivamente no meu compartimento, e, depois de me encarar, grita:
— Eh, Fernandes!
Marizac! O duque de Marizac! Era já o 202... Com que reconhecimento lhe sacudi a mão fina, por ele me ter reconhecido! E atirando para o canto do vagão um paletó, um maço de jornais, que o escudeiro lhe passara, o bom Marizac exclamava na mesma surpresa alegre:
— E Jacinto?