para te instalares no 202, no teu quarto. No Hotel são embaraços, privações. Aqui tens o telefone, o teatrofone, livros...
Aceitei logo, com simplicidade. E Jacinto, embocando um tubo acústico, murmurou:
— Grilo!
Da parede, recoberta de damasco, que subitamente e sem rumor se fendeu, surdiu o seu velho escudeiro (aquele moleque que viera com D. Gàlião), que eu me alegrei de encontrar tão rijo, mais negro, reluzente e venerável na sua tesa gravata, no seu colete branco de botões de ouro. Ele também estimou ver de novo «o siô Fernandes». E, quando soube que eu ocuparia o quarto do avô Jacinto, teve um claro sorriso de preto, em que envolveu o seu senhor, no contentamento de o sentir enfim reprovido duma família.
— Grilo, dizia Jacinto, esta carta a Madame de Oriol... Escuta! Telefona para casa dos Trèves que os espiritistas só estão livres no domingo... Escuta! Eu tomo uma duche antes de jantar, tépida, a 17. Fricção com malva-rosa.
E caindo pesadamente para cima do divã, com um bocejo arrastado e vago:
— Pois é verdade, meu Zé Fernandes, aqui estamos, como há sete anos, neste velho Paris...
Mas eu não me arredava da mesa, no desejo de completar a minha iniciação:
— Oh Jacinto, para que servem todos estes instrumentozinhos? Houve já aí um desavergonhado que me picou. Parecem perversos... São úteis?
Jacinto esboçou, com languidez, um gesto que os sublimava. — Providenciais, meu filho, absolutamente providenciais, pela simplificação que dão