a aldeia dos doces hortos e do homem doce que enterrou o Senhor. Fura, por túneis fumarentos, as colinas de Judá, onde choraram os profetas. Rompe por entre ruínas que foram a cidadela e depois a sepultura dos Macabeus. Galga, numa ponte de ferro, a torrente em que David, errante, escolhia pedras para a sua funda derrubadora de monstros. Coleia e arqueja pelo vale melancólico que habitou Jeremias. Suja ainda Emaús, vara o Cédron, e estaca enfim, sulada, azeitada, sórdida de felugem, no vale de Hennom, nos términos de Jerusalém!
Ora, meu bom Bertrand, eu que não sou das Pontes e Calçadas, nem acionista da Companhia dos Caminhos de Ferro da Palestina, apenas um peregrino saudoso desses lugares adoráveis, considero que a tua obra de civilização é uma obra de profanação. Bem sei, engenheiro! S. Pedro ressuscitando a velha Dorcas; a florescência miraculosa das roseires de Saaron; o Menino bebendo, na fuga para o Egito, à sombra das árvores que os anjos iam adiante semeado,—são fábulas... Mas são fábulas que há dois mil anos dão encanto, esperança, abrigo consolador, e energia para viver a um terço da Humanidade. Os lugares onde se passaram essas histórias, decerto muito simples e muito humanas, que depois, pela necessidade que a alma tem do Divino, se transformaram na tão linda mitologia cristã, são por isso veneráveis. Neles viveram, combateram, ensinaram, padeceram, desde Jacob até S. Paulo, todos os seres excepcionais que hoje povoam o Céu. Jeová