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Página:A correspondencia de Fradique Mendes (1902).djvu/253

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...» Mas não sabes tu, oh superamada, que a tua lembrança me palpita na alma tão natural e perenemente como o sangue no coração? Que outro princípio governa e mantém a minha vida se não o teu amor? Realmente necessitas ainda, cada manhã, um certificado, em letra bem firme, de que a minha paixão está viva e viçosa e te envia os bons-dias? Para quê? Para sossego da tua incerteza? Meu Deus! Não será antes para regalo do teu orgulho? Sabes que és Deusa, e reclamas incessantemente o incenso e os cânticos do teu devoto. Mas Santa Clara, tua padroeira, era uma grande santa, de alta linhagem, de triunfal beleza, amiga de S. Francisco de Assis, confidente de Gregório IX, fundadora de mosteiros, suave fonte de piedade e milagres—e todavia só é festejada uma vez, cada ano, a 27de Agosto!

Sabes bem que estou gracejando, Santa Clara da minha fé! Não! não mandei essa linha supérflua, porque todos os males bruscamente se abateram ,sobre mim:—um defluxo burlesco, com melancolia, obtusidade e espirros; um confuso duelo, de que fui o enfastiado padrinho, e em que apenas um ramo seco de olaia sofreu, cortado por uma bala; e, enfim, um amigo que regressou da Abissínia, cruelmente Abissinizante, e a quem tive de escutar com resignado pasmo as caravanas, os perigos, os amores, as façanhas e os leões!. . . E aí está como a minha pobre Clara, solitária nas suas florestas, ficou sem essa folha, cheia das minhas letras, e tão inútil para a segurança do