e ordenou a «soda e limão» a um criado surpreendente, muito louro, muito grave, com uma pérola espetada na gravata, largas calças de xadrez verde e preto, e o peito florido por três cravos amarelos! (Percebi que este servo magnífico se chamava Smith). O meu enleio crescia. Por fim Fradique murmurou, sorrindo, com sincera simpatia:
— Aquele Marcos é uma flor!
Concordei, contei a velha estima que me prendia a Vidigal, desde o primeiro ano de Coimbra, dos nossos tempos estouvados de Concertina e Sebenta. Então, alegremente, recordando Coimbra, Fradique perguntou-me pelo Pedro Penedo, pelo Pais, por outros lentes ainda, do antigo tipo fradesco e bruto; depois pelas tias Camelas, essas encantadoras velhas, que escrupulosamente, através de lascivas gerações de estudantes, tinham permanecido virgens, para poderem no Céu, ao lado de Santa Cecília, passar toda uma eternidade a tocar harpa... Era uma das suas memórias melhores de Coimbra essa taverna das tias Camelas, e as ceias desabaladas que custavam setenta reis, comidas ruidosamente na penumbra fumarenta das pipas, com o prato de sardinhas em cima dos joelhos, por entre temerosas contendas de Metafísica e de Arte. E que sardinhas! Que arte divina em frigir o peixe! Muitas vezes em Paris se lembrara das risadas, das ilusões e dos pitéus de então!...
Tudo isto vinha num tom muito moço, sincero,