apologia de Boileau, para nada dele mostrar imperfeito), espantei J. Teixeira de Azevedo com um Fradique idealizado, em que tudo era irresistível, as ideias, o verbo, a cabaia de seda, a face marmórea de Lucrécio moço, o perfume que esparzia, a graça, a erudição e o gosto!
J. Teixeira de Azevedo tinha o entusiasmo difícil e lento em fumegar. O homem deu-lhe apenas a impressão de ser postiço e teatral. Concordou no entanto que convinha ir estudar «um maquinismo de pose montado com tanto luxo!»
Fomos ambos ao Central, dias depois, no funda duma tipoia. Eu, engravatado em cetim, de gardênia ao peito. J. Teixeira de Azevedo, caracterizado de «Diógenes do século XIX», com um pavoroso cacete ponteado de ferro, chapéu braguês orlado de sebo, jaquetão encardido e remendado que lhe emprestara o criado, e grossos tamancos rurais!... Tudo isto arranjado com trabalho, com despesa, com intenso nojo, só para horrorizar Fradique — e diante desse homem de cepticismo e de luxo, altivamente afirmar, como democrata e como idealista, a grandeza moral do remendo e a filosófica austeridade da nódoa! Éramos assim em 1867!
Tudo perdido! Perdida a minha gardênia, perdida a imundície estoica do meu camarada! O Sr. Fradique Mendes (disse o porteiro) partira na véspera num vapor que ia buscar bois a Marrocos.