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Página:A correspondencia de Fradique Mendes (1902).djvu/93

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do reles ao sublime. Por um lado leva a escutar às portas —e pelo outro a descobrir a América!»

O saber histórico de Fradique surpreendia, realmente, pela amplexidade e pelo detalhe. Um amigo nosso exclamava um dia, com essa ironia afável que nos homens de raça céltica sublinha e corrige a admiração:—«Aquele Fradique! Tira a charuteira, e dá uma síntese profunda, duma transparência de cristal, sobre a guerra do Peloponeso;—depois acende o charuto, e explica o feitio e o metal da fivela do cinturão de Leônidas!» Com efeito, a sua forte capacidade de compreender filosoficamente os movimentos coletivos, o seu fino poder de evocar psicologicamente os caracteres individuais—aliava-se nele a um minucioso saber arqueológico da vida, das maneiras, dos trajes, das armas, das festas, dos ritos de todas as idades, desde a Índia Védica até à França Imperial. As suas cartas a Oliveira Martins (sobre o Sebastianismo, o nosso Império no Oriente, o Marquês de Pombal) [1] são verdadeiras maravilhas pela sagaz intuição, a alta potência sintética,

  1. Estas cartas constituem verdadeiros Ensaios Historicos, que, pelas suas proporções, não poderiam entrar n’esta collecção. Reunidas as notas e fragmentos dispersos, devem formar um volume a que o seu compilador dará, penso eu, o titulo de Versos e Prosas de Fradique Mendes.