a certeza do saber, a força e a abundância das ideias novas. E, por outro lado, a sua erudição arqueológica repetidamente esclareceu e auxiliou, na sábia composição das suas telas, o paciente e fino reconstrutor dos Costumes e das Maneiras da Antiguidade Clássica, o velho Suma-Rabema. Assim mo confessou uma tarde Suma-Rabema, regando as roseiras, no seu jardim de Chelsea.
Fradique era de resto ajudado por uma prodigiosa memória, que tudo recolhia e tudo retinha — vasto e claro armazém de fatos, de noções, de formas, todos bem arrumados, bem classificados, prontos sempre a servir. O nosso amigo Chambray afirmava que, comparável à memória de Fradique, como «instalação, ordem e excelência do stock», só conhecia a adega do café Inglês.
A cultura de Fradique recebia um constante alimento e acréscimo das viagens que, sem cessar, empreendia, sob o impulso de admirações ou de curiosidades intelectuais. Só a Arqueologia o levou quatro vezes ao Oriente:—Ainda que a sua derradeira residência em Jerusalém, durante dezoito meses, foi motivada (segundo me afirmou o cônsul Raccolini), por poéticos amores com uma das mais esplêndidas mulheres da Síria, uma filha de Abraão Côppo, o faustoso banqueiro de Alepo, tão lamentavelmente morta depois, sobre as tristes costas de Chipre, no naufrágio do Magnólia. A sua aventurosa e áspera peregrinação pela China, desde o Tibete (onde quase