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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/114

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— Virgem santa! — murmurou comsigo André espantado. — Para que será tudo isto?... ah! pobre Isaura!...

— Ah! meo senhor, por piedade! — exclamou Isaura, caindo de joelhos aos pés de Leoncio, e levantando as mãos ao céo em contorções de angustia; pelas cinzas ainda quentes de seo pae, ha poucos dias fallecido, pela alma de sua mãe, que tanto lhe queria, não martyrize a sua infeliz escrava. Acabrunhe-me de trabalhos, condene-me ao serviço o mais grosseiro e pesado, que a tudo me sujeitarei sem murmurar; mas o que o senhor exige de mim, não posso, não devo fazel-o, embora deva morrer.

— Bem me custa tratar-te assim, mas tu mesma me obrigas a este excesso. Bem vês, que me não convem por modo nenhum perder uma escrava como tu és.

Talvez ainda um dia me serás grata por ter-te impedido de matar-te a ti mesma.

— Será o mesmo! — bradou Isaura levantando-se altiva, e com o accento rouco e trémulo da desesperação, — não me matarei por minhas proprias mãos, mas morrerei ás mãos de um carrasco.

Neste momento chega André trazendo o tronco e as algemas, que deposita sobre um banco, e retira-se imediatamente.

Ao ver aquelles barbaros e aviltantes instru-