mentos de supplicio turvárão-se os olhos a Isaura, o coração se lhe enregelou de pavor, as pernas lhe desfallecerão, cahio de joelhos e debruçando-se sobre o tamborete, em que fiava, desatou uma torrente de lagrimas.
— Alma de minha sinhá velha! — exclamou com voz entrecortada de soluços, — valei-me nestes apuros; valei-me lá do céo, onde estais, como me valieis cá na terra.
— Isaura, — disse Leoncio com voz aspera apontando para os instrumentos de supplicio, — eis ali o que te espera, se persistes em teo louco emperramento. Nada mais tenho a dizer-te; deixo-te livre ainda, e fica-te o resto do dia para reflectires. Tens de escolher entre o meo amor e o meo odio. Qualquer dos dous, tu bem sabes, são violentos e poderosos. Adeos!...
Quando Isaura sentio, que seo senhor se havia ausentado, ergueo o rosto, e levantando ao céo os olhos e as mãos juntas, dirigio á Rainha dos anjos a seguinte fervorosa prece, exalada entre soluços do mais intimo de sua alma:
— Virgem senhora da Piedade, Santissima Mãe de Deos!... vós sabeis se eu sou innocente, e se mereço tão cruel tratamento. Soccorrei-me neste transe afflictivo, por que neste mundo ningem pode valer-me. Livrae-me das garras de um algôz, que ameaça não só a minha vida, como a minha innocencia e honestidade. Illu-