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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/116

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minai-lhe o espirito, e infundi-lhe no coração brandura e misericordia, para que se compadeça de sua infeliz captiva. E’ uma humilde escrava, que com as lagrimas nos olhos, e a dor no coração vos roga pelas vossas dores sacrosantas, pelas chagas de vosso Divino Filho: valei-me por piedade.

Quanto Isaura era formosa naquella supplicante e angustiosa attitude! oh! muito mais bella do que em seos momentos de serenidade e prazer!.., se a visse então Leoncio talvez sentisse abrandar-se o ferreo e obcecado coração. Com os olhos arrasados em lagrimas, que em fio lhe escorregavão pelas faces desbotadas, entreaberta a boca melancolica, que lhe tremia ao passar da prece murmurada entre soluços, atiradas em desordem pelas espaduas as negras e opulentas madeixas, voltando para o céo o busto mavioso plantado sobre um collo escultural, offereceria ao artista inspirado o mais bello e sublime modelo para a effigie da Mãe Dolorosa, a quem nesse momento dirigia suas ardentes supplicas. Os anjos do céo, que por certo naquelle instante adejavão em torno della agitando as azas de ouro e carmim, não podião deixar de levar tão fervida e dolorosa prece aos pés do throno da Consoladora dos afflictos.

Absorvida em suas magoas Isaura não vio seo