Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/117

Wikisource, a biblioteca livre

pae, que entrando pelo salão a passos subtis e cautelosos, encaminhava-se para ella.

— Oh! felizmente ella ali está, — murmurava o velho, — o algôz aqui tambem andava! oh! pobre Isaura!... que será de ti!...

— Meo pae por aqui!... — exclamou a infeliz ao avistar Miguel. — Venha, venha ver a que estado reduzem sua filha.

— Que tens, filha?... que nova desgraça te succede?

— Não está vendo, meo pae?... eis ali a sorte, que me espera, — respondeu ella apontando para o tronco e as algemas, que ali estavam ao pé della.

— Que monstro, meo Deos!... mas eu já esperava por tudo isto...

— E’ esta a liberdade que pretende dar áquella, que a mãe delle creou com tanto amor e carinho. O mais cruel e aviltante captiveiro, um martyrio continuado da alma e do corpo, eis o que resta á sua desventurada filha... Meo pae, não posso resistir a tanto soffrimento!... restava-me um recurso extremo; esse mesmo vai-me ser negado. Presa, algemada, amarrada de pés e mãos!... oh!... meo pae! meo pae!... isto é horrível!... Meu pai, a sua faca, — acrescentou depois de ligeira pausa com voz rouca e olhar sombrio, — preciso de sua faca.