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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/125

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devoção, avistei um homem e uma mulher navegando a todo panno em um pequeno bote.

Instantes depois o bote achou-se encalhado em um banco de areia. Apeei-me imediatamente, e tomando um escalér na praia, fui em soccorro dos dois navegantes que em vão forcejavão por safar a pequena embarcação. Não podem fazer idéa da deliciosa surpresa que senti, ao reconhecer nas duas pessoas do bote a minha mysteriosa da chacara e seo pae...

— Por essa já eu esperava; entretanto o lance não deixa de ser dramatico; a historia de teos amores com a tal fada mysteriosa vae tomando visos de um poema phantastico.

— Entretanto é a pura realidade. Como estavão molhados e enxovalhados, convidei-os a entrarem no meo carro. Acceitárão depois de muita reluctancia, e dirigimo-nos para a casa delles. E’ escusado contar-vos o resto desde então, se bem que com algum acanhamento foi-me franqueado o umbral da gruta mysteriosa.

— E pelo que vejo, — interrogou o doutor, — amas muito essa mulher?

— Se amo! adoro-a cada vez mais, e o que é mais, tenho rasões para acreditar, que ella... pelo menos não me olha com indifferença.

— Deos queira que não andes embaido por alguma Circe de bordel, por alguma dessas aventureiras, de que ha tantas pelo mundo, e que