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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/152

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Com seo silencio, conservando-o na ignorancia de sua condição de escrava, deveria deixar alimentar-se e crescer profunda e energica paixão, que o moço por ella concebera?.. não seria isto um vil embuste, uma indignidade, uma traição infame? não teria elle o direito, ao saber da verdade, de acabrunhal-a de amargas exprobrações, de desprezal-a, de calcal-a aos pés, de tratal-a emfim como escrava abjeta e vil, que ficaria sendo?

— Oh! isto para mim seria mais horrivel que mil mortes! — exclamava ella no meio do angustioso embate de idéas, que se lhe agitavão no espirito. — Não, não devo illudil-o; isto seria uma infamia... vou-lhe descobrir tudo; é esse o meo dever, e hei-de cumpril-o. Ficará sabendo, que não pode, que não deve amar-me; porém ao menos não ficará com o direito de desprezar-me.. uma escrava, que procede com lisura e lealdade, pode ao menos ser estimada.

Não; não devo enganal-o; hei de revelar-lhe tudo.

Esta era a resolução que lhe inspiravão seo natural pundonor e lealdade, e os dictames de uma consciencia recta e delicada, mas quando chegava o momento de pôl-a em pratica fraqueava-lhe o coração, e Isaura ia differindo de dia para dia a execução de seo proposito.

Fallecia-lhe de todo a coragem para quebrar