171
acabava de avistar Martinho, entrando na sala em que se achavão, e sentio mortal calafrio percorrer-lhe todo o corpo.
— Desculpe-me, senhor; — continuou ella; — não é possível por hoje ouvir suas doces palavras; sinto-me mal; preciso retirar-me. Se o senhor tivesse a bondade de levar-me onde está meo pae...
— Por que não, D. Elvira?... mas oh!.. como está palida!... está soffrendo muito, não é assim?.. quer que eu a acompanhe?.. que lhe chame um medico?... aqui mesmo os há....
— Obrigada, senhor Alvaro; não se inquiete; isto é um mal passageiro, cansaço talvez; em chegando a casa ficarei boa.
— E quer então retirar-se sem me deixar uma só palavra de consolação e de esperança?..
— De consolação talvez, mas de esperança.....
— Por que não?
— Se nem eu mesma posso tel-a...
— Então não me ama....
— Amo-o muito.
— Então será minha...
— Isso é impossivel...
— Impossivel!.. que obstaculo pode haver?..
— Não sei dizer-lhe, senhor; minha desgraça.
Esta amorosa confidencia no momento, em que se achava no ponto mais interessante, foi bruscamente interrompida pela presença de Martinho,