Página:A escrava Isaura (1875).djvu/182

Wikisource, a biblioteca livre

172

que se lhes atravessou pela frente, fazendo uma profunda reverencia. Alvaro indignado carregou o sobrôlho, e esteve a ponto de enchotar o importuno, como quem enchota um cão. Elvira estacou como que petrificada de pavor.

— Senhor Alvaro, disse-lhe respeitosamente o Martinho, — com a permissão de Vª. Sª., preciso dizer duas palavras a esta senhora, a quem Vª. Sª. dá o braço.

— A esta senhora! — exclamou maravilhado o cavalheiro. — Que tem o senhor que ver com esta senhora?

— Negocio de summa importancia; ella bem o sabe, melhor do que eu e o senhor.

Alvaro, que bem conhecia o Martinho, e sabia quanto era abjecto e desprezivel, julgando ser aquillo manobra de algum rival invejoso, e covarde, que se servia daquelle miseravel para ultrajal-o ou expôl-o ao ridiculo, teve um assomo de indignação, mas contendo-se por um momento:

— Tem a senhora algum negocio com este homem? — perguntou a Elvira.

— Eu?!.. nenhum, por certo; nem mesmo o conheço,— balbuciou a moça, palida e a tremer.

— Mas, meo Deus! D. Elvira, por que treme assim? como está palida!... maldito importuno, que assim a faz soffrer!... oh! pelo céo, D. El-