227
medida de nossos desejos. Pode Vª. Sª. viver tranquillo em companhia da gentil fugitiva, que daqui em diante ninguem mais o importunará. De feito o procedimento de Vª. Sª. nesta questão tem sido muito bello e digno de elogios; é proprio de um coração grande e generoso como o de Vª. Sª. Não se dá maior desaforo! no captiveiro uma menina tão mimosa e tão prendada!... Agora aqui está a carta, que escrevo ao lorpa do sultãosinho. Prego-lhe meia duzia de carapetões, que o hão-de desorientar completamente.
Assim fallando Martinho desdobrou a carta, e já começava a lel-a, quando Alvaro impacientado o interrompeo.
— Basta, senhor Martinho, — disse-lhe com máo humor; — o negocio está arranjado; não preciso mais de seos serviços.
— Arranjado!.. como?...
— A escrava está em poder de seo senhor.
— De Leoncio!.. impossivel!
— Entretanto, é a pura verdade; se quizer saber mais vá á policia, e indague.
— E os meos dez contos?...
— Creio que não lh’os devo mais.
Martinho soltou um urro de desespero, e sahio da casa de Alvaro com tal precipitação, que parecia ir rolando pelas escadas abaixo.
Descrever o misero estado, em que ficou aquella