Página:A escrava Isaura (1875).djvu/254

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não foi mais do que um coro de lágrimas e soluços de indizível angústia, que abraçados por largo tempo estiveram entornando no seio um do outro.


— Sim, minha filha; é preciso que te resignes a esse sacrifício, que é desgraçadamente o único recurso que nos deixam. É com esta condição que venho abrir-te as portas desta triste prisão, em que há dois meses vives encerrada. É, sem dúvida, um cruel sacrifício para teu coração; mas é sem comparação mais suportável do que esse duro cativeiro, com que pretendem matar-te.

— É verdade, meu pai; o meu carrasco dá-me a escolha entre dois jugos; mas eu ainda não sei qual dos dois será mais odioso e insuportável.

Eu sou linda, dizem; fui educada como uma rica herdeira; inspiraram-me uma alta estima de mim mesma com o sentimento do pudor e da dignidade da mulher; sou uma escrava, que faz muita moça formosa morder-se de inveja; tenho dotes incomparáveis do corpo e do espírito; e tudo isto para quê, meu Deus!?... para ser dada de mimo a um mísero idiota!... Pode-se dar mais cruel e pungente escárnio?!...

E uma risada convulsiva e sinistra desprendeu-se dos lábios descorados de Isaura, e reboou pelo lúgubre