— Quem mais senão eu, que sou seu legitimo senhor? — respondeu Leôncio com altiva seguridade.
— Pois declaro-lhe, que o não pode fazer, senhor: — disse Álvaro com firmeza. — Essa escrava não lhe pertence mais.
— Não me pertence!... — bradou Leôncio levantando-se de um salto, — o senhor delira ou está escarnecendo?...
— Nem uma, nem outra coisa, — respondeu Álvaro com toda a calma: — repito-lhe; essa escrava não lhe pertence mais.
— E quem se atreve a esbulhar-me do direito que tenho sobre ela?
— Os seus credores, senhor, — replicou Álvaro, sempre com a mesma firmeza e sangue-frio. — Esta fazenda com todos os escravos, esta casa com seus ricos móveis, e sua baixela, nada disto lhe pertence mais; de hoje em diante o senhor não pode dispor aqui nem do mais insignificante objeto. Veja, — continuou mostrando-lhe um maço de papéis, — aqui tenho em minhas mãos toda a sua fortuna. O seu passivo excede extraordinariamente a todos os seus haveres; sua ruína é completa e irremediável, e a execução de todos os seus bens vai lhe ser imediatamente intimada.
A um aceno de Álvaro, o escrivão que o acompanhava apresentou a Leôncio o mandado de seqüestro