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A ESCRAVA ISAURA

linda e infeliz Isaura. Todavia como para indemnisal-a de tamanha desventura, uma santa mulher, um anjo de bondade, curvou-se sobre o berço da pobre creança e veio amparal-a á sombra de suas azas caridosas. A mulher do commendador considerou aquella tenra e formosa cria como um mimo, que o céo lhe enviava para consolal-a das angustias e dissabores, que tragava em consequencia dos torpes desmandos de seo devasso marido. Levantou ao céo os olhos banhados em lagrimas, e jurou pela alma da infeliz mulata encarregar-se do futuro de Isaura, creal-a e educal-a, como se fosse uma filha.

Assim o cumprio com o mais religioso escrupulo. A’ medida, que a menina foi crescendo e entrando em idade de aprender, foi-lhe ella mesma ensinando a ler e escrever, a coser e a rezar. Mais tarde procurou-lhe tambem mestres de musica, de dança, de italiano, de francez, de desenho, comprou-lhe livros, e empenhou-se emfim em dar á menina a mais esmerada e fina educação, como o faria para com uma filha querida. Isaura por sua parte, não só pelo desenvolvimento de suas graças e attractivos corporaes, como pelos rapidos progressos de sua viva e robusta intelligencia, foi muito além das mais exageradas esperanças da excellente velha, a qual em vista de tão felizes e brilhantes resultados, cada vez mais se comprazia em lapidar e polir aquella joia, que ella dizia ser