Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/57

Wikisource, a biblioteca livre

mais de meio mil cruzados. Se me quizeres, como eu te quero, arranjo-te a liberdade, e caso-me contigo, que tambem não és para andar ahi assim como escrava de ninguem.

— Muito obrigada pelos seus bons desejos; mas perde seu tempo, senhor Belchior. Meos senhores não me libertão por dinheiro nenhum.

— Ah! devéras!... que malbados!... ter assim no catibeiro a rainha da fermosura!... mas não importa, Isaura; terei mais gosto em ser escravo de uma escrava como tu, do que em ser senhor dos senhores de cem mil captivos. Isaura!... não fazes idéa de como te quero. Quando vou molhar as minhas froles, estou a lembrar-me de ti com uma soidade!...

— Devéras! ora vio-se que amor!...

— Isaura! — continuou Belchior, curvando os joelhos, — tem piedade deste teo infeliz captivo...

— Levante-se, levante-se, — interrompeo Isaura com impaciencia. — Seria bonito que meos senhores viessem aqui encontral-o fazendo esses papeis!... que estou-lhe dizendo?... eil-os ahi!... ah! senhor Belchior!

De feito, de um lado Leoncio, e de outro Henrique e Malvina, os estavão observando.

Henrique, tendo-se retirado do salão, despeitado e furioso contra seo cunhado, assomado e leviano como era, foi encontrar a irmã na sala de jantar, onde se achava preparando o café e ali em