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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/67

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A ESCRAVA ISAURA
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— E já!

— És muito exigente e injusta para commigo, Malvina, — disse Leoncio depois de um momento de pasmo e hesitação. — Bem sabes que é meo desejo libertar Isaura; mas acaso depende isso de mim sómente? é a meo pae, que compete fazer o que de mim exiges.

— Que miseravel desculpa, senhor! seo pae já lhe entregou escravos e fazenda, e dará por bem feito tudo quanto o senhor fizer. Mas se acaso o senhor a prefere a mim....

— Malvina!... não digas tal blasphemia!...

— Blasphemia!... quem sabe!... mas em fim dê um destino qualquer a essa rapariga, se não quer expellir-me para sempre de sua casa. Quanto a mim não a quero mais nem um momento em meo serviço; é bonita demais para mucama.

— O que lhe dizia eu, senhor Leoncio? acudio Henrique, que já cançado e envergonhado do papel de mudo guarda-costas, entendeu que devia intervir tambem na querella. — Está vendo?... eis-ahi o fructo que se colhe d’esses belos trastes de luxo, que quer por força ter em seo salão...

— Esses trastes não seriam tão perigosos, se não existissem vis mexeriqueiros, que não hesitam em perturbar o socego da casa dos outros para conseguir seos fins perversos...

— Alto lá, senhor!.., para impedir, que o senhor não transportasse o seu traste de luxo do