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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/80

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conversação, travada timidamente e a meia voz em um grupo de fiandeiras, entre as quaes se achava Rosa.

— Minhas camaradas, — dizia a suas vizinhas uma creoula idosa, matreira e sabida em todos os mysterios da casa desde os tempos dos senhores velhos, — agora que sinhô velho morreo, e que sinhá Malvina foi-se embora para a casa de seo pae della, é que nós vamos ver o que é rigor de captiveiro.

— Como assim, tia Joaquina?!...

— Como assim!... vocês verão. Vocês bem sabem, que sinhô velho não era de brinquedo; pois sim; lá diz o ditado = atrás de mim virá quem bom me fará =. Este sinhô moço Leoncio... hum!... Deos queira que me engane... quer-me parecer que vae-nos fazer ficar com saudade do tempo de sinhô velho...

— Cruz! ave Maria!... não falla assim, tia Joaquina!... então é melhor matar a gente uma vez...

— Este não quer saber de fiados nem de tecidos, não; e daqui a pouco nós tudo vae p’ra roça puxar enxada de sol a sol, ou p’ra o cafezal apanhar café, e o pirahy do feitor ahi rente atrás de nós. Vocês verão. Elle o que quer é café, e mais café, que é o que dá dinheiro.

— Também a dizer a verdade, não sei o que será melhor, — observou outra escrava, — se