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Página:A fallencia.djvu/247

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— Nem eu; mas a sociedade absolveu-o.

— Os homens. Ela era tão boa!

— Enganou-o.

— Que monstruoso castigo! E o resultado, lembras-te? O teu afastamento de casa e o meu ódio. Em vão ele se fazia bom para agradar-me; era de uma humildade que comovia a todos, menos a mim. Não tornei a beijar-lhe a mão.

— Nem mesmo na hora da morte?!

— Nem mesmo na hora da morte. E eu quis; curvei-me; mas quase ao encostar a minha boca à mão dele, ergui-me com terror. Ele percebeu tudo. Que morte!

— Foste cruel.

— Fui humana. Tu o amavas?

— Antes? muito!

— Depois?

— Não. Mas era nosso pai...

— E ela era nossa mãe!

— Tens razão. Para os filhos a mãe é sempre a melhor e a mais pura entre as mulheres.

Um sabiá cantou e eles ficaram a escutar, com os olhos rasos de água.

— Foi no Netuno que percebeste tudo, não foi? perguntou Rino mudando de tom.

— Onde havia de ser?

— E só aquela vez bastou?

— Só.