que ninguém soube do teu opróbio, ninguém!..,
Soror Pálida prostou-se e uniu humildemente a face à lage fria; depois, erguendo o rosto inundado de lágrimas, perguntou soluçando:
— E Vós, Mãe Santíssima?!
— Eu? Perdôo, respondeu-lhe a Virgem sorrindo, já dentro do seu nicho azul..."
Eram nove horas; Sancha veio chamar para a ceia, e levou para a mesa o lampião fumarento. D. Itelvina só usava mate, que sempre era de maior economia. Sentaram-se. Ruth mal engoliu a sua xícara. Pensava em Soror Pálida.
Nessa noite teve de sujeitar-se a dormir com a tia Joana. Lembrando-se das pernas inchadas da velha, teve um arrepio e saudades do seu leito branco coberto de filós delicados. A tia mexia-se, benzia todo o quarto, rezava a meia voz, sacudia a roupa que toda cheirava a incenso, e com a vigília da velhice perturbava o sono da menina. Foi no meio do silêncio da casa, que irromperam de repente, lá do fundo, uns gritos lancinantes.
Ruth sentou-se na cama, com os olhos arregalados.
— Que é isto, tia Joana?!