uma ou outra coisa, pois que essa mulher inconcebível tinha uma dupla natureza, e parecia reunir em si tudo quanto há de belo, puro e adorável nos seres angélicos, e o que há de mais monstruoso e execrando nos espíritos infernais, sem estar sujeita a nenhuma das fraquezas da humanidade.
Enlevada naquele êxtase etéreo, parecia uma criatura incorpórea, diáfana, impalpável, um fantasma de luz, absorvendo em si tudo quanto há de belo, de puro, de harmônico e beatífico na terra e no céu. Na pureza ideal do perfil e das formas, na singeleza do nobre e gracioso porte, na serenidade e candura, que lhe respirava em toda a fisionomia, era um querubim. Pelo suave langor dos olhos, pela sedutora expressão dos lábios úmidos e nacarados, pelo mimo, frescura e transparência do colorido, pelos mórbidos e voluptuosos contornos do colo, braços e ombros nus, a julgaríeis uma huri, uma náiade, uma Vênus Afrodite.
Roberto, que a divisara em distância, avizinhou- se cautelosamente; parece-lhe ter diante dos olhos uma visão celeste a respirar luz e perfumes, amor e beatitude. A medida, porém, que se ia aproximando e que pôde observar mais distintamente aquele tipo de inefável formosura, um sentimento indefinível de assombro e