de terror foi-se apoderando de seu espírito. Por mais que se esforçasse para recuperar seu sangue frio e sobranceria habitual, cada vez mais se perturbava. Tentou em vão desviar dela os olhos deslumbrados; seus olhos se conservavam cravados sobre aquela imagem radiante de beleza, como em um foco de irresistível atração. Parou enfim a alguns passos de distância, confuso, enleado, estático; quis falar-lhe, porém, que lhe diria ele? Onde sua língua, entorpecida pelo pasmo, poderia achar sons que exprimissem o que sentia…? Amedrontado como por uma visão sobrenatural, tentou fugir, mas os pés recusavam-se ao seu desejo, e, como que tinham criado raízes, que se entranhavam no solo. Assim por largo tempo permaneceu como petrificado até que Regina, voltando-se casualmente, deu com os olhos nele.
— Que é isto, meu Deus…! — exclamou ela sobressaltada. — Quem sois…? Que fazeis aqui…? Pensei que estava sozinha…!
— Gentil pescadora — respondeu Roberto confuso e balbuciando —, eu… nada mais fazia… do que… admirá-la.
— Ah! Era só isso! — replicou a fada com um tom o mais indiferente do mundo. — Bem pouco tem que fazer então. Não é bom costume