Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/105

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e severa, mas sem enfado nem desdém:

— Perde seu tempo, moço; eu não sei e nunca hei de saber o que é amor.

Vítima da mais tirânica e indomável paixão, Roberto achou-se colocado na mais horrível e angustiosa situação que se pode imaginar. Mais desgraçado ainda que seu irmão, via-se arrastado por um poder fatal e irresistível pelo rápido declive da ignomínia e perdição; ia ser duas vezes perjuro: desleal e perjuro para com seu irmão, perjuro e sacrílego para com os manes de seu pai. Se Regina jamais quisesse retribuir-lhe o inextinguível amor que o devorava, a dor o levaria aos extremos da desesperação e da loucura, e morreria como um prescrito sem salvação possível neste nem no outro mundo. Se, porém, um dia a fada se rendesse, oh!, como poderia ele resistir-lhe…? Não teria forças para tanto, e então seria pior que um prescrito, seria um monstro digno de todas as maldições do céu e da terra.

Em momentos de alguma calma e lucidez de espírito, fazia fervorosas súplicas ao céu, para que lhe arrancasse do seio sua funesta paixão, ou pelo menos jamais permitisse que Regina correspondesse ao seu afeto. Só assim poderia ainda salvar-se da medonha voragem que ameaçava tragar-lhe a vida e a alma. Mas esses votos eram