Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/106

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para logo abafados pelos indomáveis impulsos da paixão, que assoberbava-lhe a vontade e obumbrava o entendimento, e o mísero mancebo corria como louco em procura da intratável beldade, e rojava-se aos pés dela entre súplicas e lágrimas a lhe pedir amor.

Um dia, como já fizera seu irmão, vendo a moça soltar sua vela aos ventos e fazer-se ao largo, manobrou também seu batel em seguimento dela. Mas a rápida piroga da sereia voava sobre as ondas, e zombava dos esforços que fazia Roberto para alcançá-la. Todavia, a foi acompanhando sempre até que o barco da moça, empegando-se nas águas da ilha maldita, sumiu-se entre os alterosos escarcéus que acingem de uma toalha de espumas revoltas e rugidoras.

Roberto ficou transido de terror ao ver o frágil batel sacudido pelas ondas furiosas ora abrolhar tremendo como seca folha no píncaro espumoso de um vagalhão, ora precipitar-se a pino pelas medonhas voragens do oceano.

Convencido de que seria inevitável a perdição de Regina, empregava esforços supremos para correr em seu auxílio. “Salvá-la ou morrer com ela!”, assim pensou ele, assim também havia pensado seu irmão em circunstâncias em tudo idênticas. Mas não o consentiram as ondas, que ali ferviam em perenal tormenta quebrando-se