Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/127

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de Regina, como a tantos outros, lhes havia para sempre amargurado a existência.

Na mesma noite do casamento — seriam dez horas —, a lua passeava pelo céu sem nuvens, e o mar refletia-lhe a imagem no regaço bonançoso; as ondas boleando-se mansamente ao longo das praias vinham morrer com brandos frêmitos junto à cabana, que ocultava em seu seio as misteriosas e inefáveis venturas de uma noite nupcial.

Súbito um grito agudo, sinistro, lamentoso troou pela extensão das praias ermas.

O vulto pálido de uma formosa mulher assomou à porta da cabana. Estava vestida de branco e trazia na fronte uma grinalda de flores de laranjeira. Tremiam-lhe os lábios descorados, e nos olhos chamejava-lhe luz torva e ameaçadora.

— Assassinos! — bradou a donzela com voz rouca e sinistra, levantando a destra para o céu. — Mataram meu marido no momento em que ia desatar-me da fronte esta grinalda…! Pois bem…! Aqui a conservarei para sempre…! Malditos…! Malditos para sempre! Juro pelo sangue e pela alma desse infeliz, vós todos três haveis de ter a mesma sorte…! Juro, juro, três vezes juro!

E esse grito de angústia e essas frases sinistras ninguém as ouviu senão o céu e o