Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/129

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calma sua derrota através das ondas revoltas e, bordejando a certa distância os rochedos, passou algum tanto além da ilha. Depois virando de bordo, dirigiu de novo para ela a proa de seu batel procurando pelo lado oriental a única e quase imperceptível abertura que dava ingresso à misteriosa mansão da fada dos mares. Ali os rochedos se fendiam a prumo, como duas pilastras titânicas servindo de vestíbulo àquele alcácer encantado defendido pelo furor das ondas e pela rigidez de penedos inacessíveis, e davam entrada por um canal oblíquo e estreitíssimo às águas do oceano, que iam expandir-se no interior da ilha em uma linda, espaçosa e mansa baía, inteiramente abrigada dos ventos, das ressacas e até das vistas do exterior.

Logo que se achou fronteando a face oriental da ilha, as ondas como que tomaram complacentes sobre os ombros o batel da donzela, que, suavemente e sem esforço, como se fosse levado por uma torrente, ganhou a penedia e entranhou-se no canal. Se alguém naquele momento estivesse em distância observando a pequena piroga, não vendo e nem podendo compreender por onde e por que modo havia desaparecido, juraria que se havia sumido por encantamento.

Apenas se achou na enseada interior, a donzela atracou a uma das margens, largou o remo