Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/140

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ou banco de pedra que por ali havia, e que, com a maré vazante, surgia acima das águas, e às vezes, coberto de vapores em razão da distância, figurava uma bonita ilha, e nas barbas do Maneca sustentava que o que ele contava era ou puro sonho ou pura mentira.

Outro era de opinião que o tal penedo não era mais que uma simples ilha flutuante, como têm existido muitas, e que isso de sereias e encantamentos não eram mais do que abusões e crendices de povo que nenhum crédito mereciam.

Eram, porém, muito poucos os que opinavam por esse teor; a maior parte, com mestre Tinoco, estava na firme persuasão de que aquele rochedo era o castelo da sereia, ou diaba dos mares que andava a boiar sobre as ondas.

— Seja lá o que for — exclamou o Tinoco —, eu cá nem de perto nem de longe desejo vê-la, e nunca há de ser para aquelas bandas que meu barco há de vogar.

— Nem o meu! Nem o meu! — repetirão muitas vozes.

— Pois há de ser o meu — disse em tom resoluto um mancebo de gentil presença e porte esbelto e vigoroso, que acabava de reunir-se ao grupo em companhia de dois outros mais jovens que pareciam ser seus irmãos.