Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/139

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Larguei o leme, esqueci-me de tudo, do perigo, do mar, do tufão, do rochedo, e só tinha olhos para contemplá-la e ouvidos para escutá-la. O rochedo estaria a apenas três ou quatro amarras do meu barco; mas as bordas eram lisas e a prumo, e impossível era lá chegar. Estive quase a arremessar-me às ondas para que elas me levassem vivo ou morto aos pés daquela formosura sem-par. Não sei quanto tempo ali fiquei embasbacado na contemplação daquela moça e na harmonia daquele canto. Pouco a pouco as ondas rechaçadas violentamente pela penedia me foram afastando daquele lugar de encantos, a proceda amainou e eu pude voltar para a terra, onde passei o dia e a noite meio assombrado com aquela visão que não queria me sair da imaginação.

— Eis aqui está — acudiu o Tinoco —, viste apenas de longe a sereia, ouviste-lhe o canto, e foi isso bastante para sentires todo esse abalo e perturbação. Mal de ti se a encarasses de perto…!

Entretanto vários outros pescadores se vinham agrupando em torno destes primeiros interlocutores, e cada qual se metia na conversação sustentando com entusiasmo seus sentimentos e convicções a respeito da ilha.

Um sustentava que ela não era mais que um parcel