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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/138

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voando por cima dos vagalhões como uma pena arrebatada pelo tufão. Vi-me em talas; quando dei acordo de mim e lancei os olhos em derredor, já quase não avistava as praias, e o barco corcoveava desesperadamente dando saltos e bufando como um poldro espantado. Em tais apuros, não sabendo o que fazer, não quis arrear o pano e deixei o barco correr às tontas pela superfície das vagas à mercê de Deus e do tufão. Em poucos instantes avistei diante de mim uma penedia enorme, de encontro à qual iria esbarrar instantaneamente se me não desse pressa em colher a vela e manobrar com toda a força o leme para evitá-la. Mesmo assim o vento ponteiro que soprava não deixava de avizinhar-me do maldito parcel. Ouvi então uma voz a cantar; olhei para a ilha e vi uma linda mulher que lá estava em pé a cantar em cima de um rochedo, como uma Santa Cecília em cima de seu andor…

— Alto lá, senhor Maneca; não ande a misturar as coisas da religião com as bruxarias de uma sereia…

— Perdão, mestre Tinoco, mas se ela estava tão linda…! O vento levava-lhe os cabelos de ouro que batiam o ar como as labaredas de uma fogueira; as roupas palpitavam-lhe no corpo como a vela preza ao mastro. Era linda como os amores! E que voz…! E que bonita cantiga ela entoava!