Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/145

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continuava a devorar-lhes o coração. Posto que nenhuma esperança lhes sorrisse, ardia-lhes no íntimo da alma um secreto e inextinguível desejo de verem ainda uma vez, de arrojarem-se ainda aos pés dessa fatal beleza que lhes havia para sempre transtornado a razão, pervertido o coração e entenebrecido o destino. Não há palavra que explique a paixão que lhes inspirara essa mulher; era um misto indefinível de ternura e rancor, de saudade e despeito, de esperança e desalento, de ódio e de amor. Foi como o sopro abrasador de um vento pestífero, que obcecou-lhes o entendimento e varreu-lhes da alma quanto nela havia de generosos instintos e nobres sentimentos. Já não reinava entre eles essa pura afeição e cordial intimidade que outrora os ligava. Não se odiavam, porque todos três eram infelizes; reinava, porém, entre eles certa reserva sombria e desconfiada, porque… enfim eram rivais.

Enfim desde o momento fatal, em que impelidos pelo mais feroz e monstruoso ciúme combinaram-se em tenebrosa união para verterem o sangue inocente de um rival feliz, a mão invisível da justiça divina gravou-lhes para sempre na fronte o selo dos réprobos e seus nomes foram inscritos no livro da maldição eterna.

No fundo do retiro, em que se haviam homiziado,