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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/151

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lhe as feições na distância em que se achavam, mas o coração, que começava a bater-lhe em alvoroço extraordinário, lhe tinha adivinhado.

— É ela! — murmurou com voz convulsa, comprimindo o peito que parecia querer lhe arrebentar. — É ela…! E não posso eu lá ir vê-la um só instante, arrojar-me a suas plantas, morrer a seus pés, e no derradeiro alento da vida que se exala, como último olhar embaciado pelas sombras da morte que se avizinha dizer-lhe: “Amo-te, Regina…!” Oh! Desespero, pior do que mil mortes…! Oh, penedo inexorável…! Oh, ondas…! Ondas malditas…!

E soltando um rouco rugido, pôs-se em pé de um salto e, arrancando o sombreiro, sacudiu a cabeça lançando para traz os longos cabelos escuros como o leão sacode a juba, e, acenando violentamente, gritou com toda a força que lhe era possível:

— Regina…!

Era como o grito desesperado do nauta que se afoga.

Regina não lhe respondeu, mas Rodrigo, que dela não despregava os olhos, viu que lhe fazia vivos e expressivos acenos. Rodrigo os compreendeu logo com essa intuição penetrante, que dá a força de uma vontade inquebrantável. A