Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/152

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moça lhe dava a entender que o receberia com muito prazer em sua ilha, mas para isso lhe indicava com mímicas apropriadas que se afastasse algum tanto daqueles rochedos, se fizesse mais ao largo e costeando a ilha, encontraria pelo lado do oriente modo fácil e suave de nela desembarcar.

Louco de prazer, de esperança e de impaciência, Rodrigo, obedecendo às indicações da moça, deixou que as ondas rejeitassem seu barco para longe das penedias; achando-se suficientemente delas afastado, bordejou-as por algum tempo até chegar à sua face oriental. Mas na distância em que se achava, não viu mais que a mesma linha contínua e maciça de penedias abruptas, que se prolongavam indefinidamente como um anel circulando a ilha.

Cruel foi a sua decepção, julgando-se vítima de uma ilusão ou de um feroz escárnio da malévola fada. Todavia para lá velejou resolutamente o denodado barqueiro, e no fim de algum tempo notou com prazer que as ondas não o repeliam mais, antes pareciam comprazer-se em levá-lo tranquila e suavemente para os domínios da misteriosa beldade. Não levou muito tempo a chegar à base dos penedos e descortinar a única e estreita abertura que dava ingresso aos tremendos alcáceres da fada dos mares, e