Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/177

Wikisource, a biblioteca livre

os pescadores consternados vendo partir Roberto. — Devem andar bem enfastiados da vida deles, que assim correm a uma morte certa com a maior frescura e desembaraço do mundo! É mais um belo e excedente companheiro que a maldita sereia nos vai roubar.

É escusado referir por miúdo o que aconteceu a Roberto. Teve em tudo a mesma sorte que seu irmão mais velho. Regina, que já adivinhava a sua vinda e o esperava no alto do rochedo, indicou-lhe por gestos, como já o fizera a Rodrigo, a derrota, que devia seguir para poder penetrar na ilha. Apenas se achou nas águas serenas do golfo, que ocupavam o centro daquele pitoresco e ameno recesso, ouviu os enlevadores acentos da voz melodiosa, que parecia adormecer as ondas e os ventos, e divisou o donoso vulto de mulher vestida de branco que o chamava à praia. Aportou, fascinado pela deslumbrante formosura, pelas blandícias e afagos de Regina, que logo reconheceu, o mísero mancebo nem se lembrou de perguntar por seu irmão…! Tal era a força da alucinação que desvairou-lhe a mente, e obcecou-lhe o coração! A moça o conduziu por entre os rochedos, parou no mesmo sítio a que levara Rodrigo, e na mesma hora em que na véspera este fora sacrificado, o mesmo punhal vibrado pela mesma mão traspassava o coração