Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/20

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Não havia, porém, nada disso; eram simples e obscuros habitantes da aldeia, que iam receber na capela a bênção nupcial com a maior singeleza do mundo. É verdade que os dois contraentes formavam o mais lindo e garboso par que talvez se tenha visto nesta terra, mas também não era a formosura e galhardia deles que atraía toda aquela multidão e excitava tanto alvoroço e curiosidade.

O que haveria, pois, de extraordinário naquele simples e modesto casamento para torná-lo como uma festa popular, que arrancava de sua costumada tranquilidade toda a população em derredor…?

No correr desta história ficará patente a razão de semelhante fenômeno; desde já, porém, fica-se compreendendo que esse simples casamento era para os habitantes do lugar um acontecimento da mais subida importância.

Com o favor de Deus iam-se casar Aleixo, gentil marinheiro, vindo das terras de além-mar, e Regina, formosa donzela, filha das ondas, como costumavam apelidá-la. A noiva tinha sido batizada naquela mesma capela, e criada aqui à beira deste mar entre nossos avós, mas ninguém sabia onde nascera ela, nem quais eram seus pais. Ainda muito menina fora atirada a estas praias em uma noite de tempestade; devia ser