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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/209

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São felizes os que morreram por teu amor, e se a mesma sorte me aguarda, bendirei a morte que me vem de teus formosos olhos.

— Oh, não! Quero que vivas por meu amor…

— Amas-me, então, Regina…?

— Logo te direi; deixa-me continuar a minha história.

“Causa inocente de tantas desventuras desejava sumir-me aos olhos de todo o mundo, e por isso evitava a sociedade, e isolava-me nessa vida solitária e misteriosa que tanta desconfiança e terror causava a esse bom povo da aldeia em que fui criada. Tinham razão: eu, pelo fatal condão de minha formosura, tinha-lhes custado tantas lágrimas e tanto luto…! Tinham razão em me ter na conta de um gênio satânico, de uma sereia ou fada malfazeja, e eu lhes perdoo do fundo do coração.

“Enfim as desgraças, a que dava lugar minha funesta beleza, pareciam não dever ter mais termo, e com eles meus males e amarguras aumentavam-se de dia a dia. Teus irmãos também vieram um após outro cair na rede fatal que um destino inexorável, servindo-se de meus encantos, armava a tantos infelizes! Eram por certo bem dignos de serem amados esses belos e galhardos mancebos; havia neles um não sei quê de nobres e altivos, que bem denunciavam gerar-lhe nas